Abstract
Pequenos mamíferos não-voadores, grupo ecológico mais diversificado de mamíferos das florestas Neotropicais, influenciam a dinâmica florestal e são bons indicadores de alterações locais do habitat e da paisagem. Entretanto, padrões de distribuição das espécies e da diversidade são pouco conhecidos e poucos dos maiores remanescentes de Mata Atlântica foram inventariados adequadamente. Utilizando o levantamento por nós realizado na Reserva Florestal do Morro Grande, São Paulo, e outros 20 levantamentos de pequenos mamíferos não-voadores realizados em áreas de Mata Atlântica, este trabalho tem por objetivo (1) apresentar a lista de espécies e a estrutura da comunidade de pequenos mamíferos não-voadores da Reserva, (2) descrever como a diversidade se distribui no espaço e no tempo na Reserva e (3) investigar como a diversidade destes animais é afetada pelos métodos de amostragem. A fauna de pequenos mamíferos não-voadores da Reserva inclui muitas espécies raras e características de matas maduras, e espécies comuns pertencentes a gêneros que em geral dominam outras áreas grandes e bem preservadas de Mata Atlântica. O número total de espécies é elevado, em parte devido à inclusão de armadilhas de queda na amostragem, mas provavelmente também por sua localização e altitude. A partição aditiva da diversidade indica que a maior parte da diversidade é encontrada localmente nos sítios de amostragem, secundariamente entre sítios do mesmo habitat e apenas uma menor parte entre habitats, indicando a importância da heterogeneidade da floresta em micro-escala para a distribuição de pequenos mamíferos não-voadores. A abundância e a riqueza não variaram entre os dois anos de amostragem, sendo possível que as populações e comunidades de matas contínuas sejam mais estáveis temporalmente. Porém, variaram sazonalmente, com valores altos no final da estação chuvosa e baixos no final da estação seca. As armadilhas de queda mostraram-se extremamente eficientes na captura de pequenos mamíferos não-voadores.